segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Ao horizonte de leste a oeste em meio tremular do calor escaldante, observo a linha turva que oscila junto ao vento sendo apagada e substituída por pontilhados que cada vez mais parecem formar uma nuvem como milhares de gafanhotos se arrastando pelo chão do horizonte.

Apesar de cada vez nítidas é difícil descrever o que são. As formas não aparentam haver uma organização como búfalos ao fugir de leões, ou como gotas de chuva sobre nossas cabeças. Não parecem seguir um mesmo caminho, a mesma direção, ou a algum objetivo em comum. Mas é estranho o modo como tudo parece cada vez mais perto.

Sem muito compreender de certa forma começo a sentir o que se passa, em meio a movimentos bruscos parece haver medo, receio, em outros parecem como papel ao vento e é notória a desorientação com a ressalva de alguns realmente parecer não ver, da mesma forma notei a angustia, dor, choro, melindre, fome, cansaço, sede, exposição, raiva, entres todas as outras demais impressões que se tem de algo sem caminho ou objetivo, deste as mais obscuras às mais fúteis. Instintivamente, ou melhor,sem de fato pensar sou impulsionado a acolher, e mesmo sem saber o que ou quantos não consigo ver sem me compadecer, a única certeza que tenho é que preciso partir, correr, e acolher quantos ou o que puder, o Sol a pino!

À medida que me aproximo daquilo que priori era estranho se confirma, de fato tudo se aproxima, embora nada venha numa linha reta, em suas trajetórias todos se aproximam por mais que por certos períodos de tempo pareçam se afastar. Talvez por tanto correr, não consegui ainda entender o que são embora me pareçam muito familiares. Mas ao agarrar o primeiro fui banhado pelo sentimento de que era exatamente aquilo que ele necessitava, e apesar de ainda ser algo estranho, me determinei a abraçar todos aqueles que podia.

Foi difícil pois nenhum parou, precisei correr, pular, rodopiar enquanto eu acolhia e buscava confortar. E apesar de num primeiro instante conseguir alcançar certo número, todos os demais não pareceram mais se aproximar. Para seguir e acompanhar o ritmo acabava por perder aquele que já havia conseguido. Certa angústia nasce em mim, acompanhada por frustração, o sol começa a cansar. Mas não posso desistir, preciso alcançar!

Após quase todo suor ter escorrido, percebi que mais do que nunca o quão me eram familiares. Todos, apesar de mesmo ainda não saber do que se tratam, mesmo sendo clara as diferenças ,se pareciam tanto comigo: não iam em direção alguma, nenhum seguiam nenhum caminho, não pareciam ter algum objetivo. Ao desânimo parece que é tudo que posso buscar. Seguir sem me importar com o que. Desfalecer é tudo que me sobra.

Me ajoelho em desistência, e dou uma olhada de relance. Figuras medonhas apareceram, causando frenesi, desistência e morte. Fazendo que todo resquício de dever, seja totalmente substituído pela frustração, e sensação de incapacidade. Quem dera fosse logo devorado! Mas essas figuras não se aproximam!

Ao bater o chão sinto algo duro. Ao buscar olhar e entender o que é , me desabo em lágrimas, por encontrar tamanha coisa: simples, rústica, mais linda. Apesar de empiorado, sujo, jamais me esqueceria desse pedaço de madeira. O meu cajado! Ele me foi dado pelo dono do campo. A pessoa mais gentil que conheci em toda minha vida,a mais amável e mais afetuosa. Que achou graça em mim. Jamais me esquecerei! E de todo meu coração, sempre amarei. Como pensar em ti me conforta!

Banhado pelo bálsamo de renovo, me levanto, e como outrora o dono do campo meu ensinou, viro para figuras medonhas, que agora sei se tratarem de lobos, bato o cajado no chão e eles se vão. Volto minha atenção para os demais e tenho o vislumbrar das mais belas criaturas, adornadas por um lindo manto aveludado e dourado ao sol, brancas como neve, olhos como pérolas. Realmente as mais belas criaturas do dono do campo: as suas ovelhas. E ainda mais belo é ver que aquelas perdidas em futilidades e as banhadas pelo medo já pararam e em minha volta escutam a suave batida do cajado .E no mais pitoresco passeio, levo-as  a casa daquele que achou graça em mim.

E após reclinar minha cabeça em seu colo, e escutar as mais doces palavras, me sinto forte, para as demais ovelhas. Para as desamparadas descobri que nada melhor do que construir abrigos, elas vem! Para as cansadas, uaaau, nada melhor que feno, elas deitam rolam, como se estivem em casa. Quanto as doloridas gostam de um açude, nada melhor para o corpo dolorido que hidroginástica! E o interessante que mais cedo ou mais tarde todas elas passam a confiar no cajado, e o seguem até o meu Senhor!

Agora eu vejo, a incomum forma do cajado, é uma cruz !

Glórias sejam ao Senhor Deus, por ter feito de seu maior sacrifício, a maior expressão de amor já feita! Que nos atrai, no consola, nos molda, e nos faz feliz ! Te amo Jesus!

Àqueles que um dia fizeram a escolha de causar opinião, de ser luz, líderes, o dia-a-dia sempre provará a sua identidade, e como será tentador ceder, se permitir ser influenciado sempre será um caminho mais simples a principio que influenciar, e isso raramente estará claro. Por mais que nada de extravagante seja feito, a cruz sempre fará a diferença! Por isso se encha de graça se arme com a mensagem do envangélio, escute Dele! Cabeça erguida e se deleite!

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